Super Nova escrita por Tricia_Costa


Capítulo 4
Sam


Notas iniciais do capítulo

Finalmente um tempinho pra mais um capítulo...
Desculpem a demora!



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Ao bater o sinal, saí o mais rápido que pude da sala para minha próxima aula. Era diferente da próxima aula das minhas novas amigas curiosas, mas infelizmente era de história, o que significava que Antoni iria me dar aula. Mas, por mais que eu relutasse, ele não fez nada embaraçoso. Pela primeira vez naquele dia pude ficar sentada numa carteira sem os olhares dos outros alunos me secando. Até parecia ser outra pessoa na frente da sala de aula, ele era extrovertido e bastante claro em suas exposições. O tempo pareceu voar. E o sinal tocou de novo. O que significava que era hora de ir ao refeitório. 

Antoni pareceu captar meu olhar de desanimo e fez um sinal para conversarmos. Só que antes que eu chegasse à mesa, outra pessoa chegou. Quil segurava algumas folhas desajeitadamente e falava sem parar desculpas e justificativas para entregar um trabalho atrasado.

-Vou ler, verei o que posso fazer... Mas não vai valer nota máxima, vou descontar alguma coisa pelo atraso. – Meu tio suspirou passando os olhos pelas páginas.

Quil parecia feliz com a proposta. Virando-se para mim Quil me reconheceu.

-Nossa, aprendeu rápido! Nem precisou gritar por ajuda para chegar até aqui!

Tio Antoni arregalou os olhos. Parecia não gostar que Quil já me conhecesse.

- Já fez amigos. Isso é bom... Está se adaptando rápido. Gostou daqui?

QUil aparentemente ficou mais confuso do que meu tio, ao ver que eu já conhecia um professor.

-Sim, é normal que nem todas as escolas.

- Fico feliz. Agora é melhor você ir almoçar.

Concordei e sai da sala com Quil logo atrás.

- Você conhece o senhor Felder?- ele tentava não mostrar o quão estranho aquilo parecia ser.

- Sim. Ele é... Meu tio. Eu aparentemente moro com ele de agora em diante.

Um silêncio um pouco desconfortável se instaurou. Quil de repente parou e parecia que uma lâmpada tinha se acendido sobre sua cabeça e uma idéia brotado instantaneamente.

-Então você podia pegar uma cópia das provas!  Nossa que maravilha, ia ser moleza pra você.

- Não, eu não vou roubar coisa alguma.

-Qual é!

- Sério, eu não quero fugir da linha. – Pelo menos não de novo. – Tenho certeza que consegue passar sem trapacear.

Ele resmungou alguma coisa que eu não entendi. Seguimos até o bloco B e viramos por trás dele. Uma construção baixa e grande estava cheia de alunos e um cheiro meio enjoativo de comida vinha lá de dentro. Lá dentro havia um balcão onde bandejas vazias eram trocadas por outras cheias, e uma mulher de aspecto grosseiro jogava colheradas de algo de dentro de várias panelas prateadas nos pratos dos alunos que passavam em fila. O restante do espaço era ocupado por mesas e mais mesas circulares. Entramos na fila.

- Mas e então, fez amigos?

- além de você, conheci duas garotas, Judity e Helen.  Conhece?

-Não. Pelo menos não pelo nome. Depois você aponta quem elas são.

-E você, qual é a sua rodinha?- Olhei os aglomerados de cada mesa, procurando um grupo que parecesse o dele. Atletas, nerds, músicos... Todos pareciam se segregar. Como de costume.

- Aquela. - Ele apontou um bando de garotos altos e fortes de pele avermelhada. - Ou pelo menos era.

-Como assim? – me concentrei mais no grupo. Pareciam se irritadiços e um pouco contidos. As posturas muito firmes embora cada um tivesse uma bandeja cheia de comida a sua frente e a devorasse com vontade. Havia uma única garota no grupo. Ela também era alta e tinha cabelos bem longos, com um quê de aventureira, como garotas que estão estampadas na capa de panfletos de esportes radicais.

- Bom, eles eram meus amigos, mas essa agora é a gangue do Sam. É o da esquerda. – ele apontou o que parecia ser o mais velho. – Ele é muito estranho. No começo ele era só aquele valentão solitário que ninguém entende, foi então que Paul começou a segui-lo e depois todo o resto deles. É muito estranho, porque Jake e Embry sempre acharam o cara sinistro e jamais seriam amigos dele... Embora que agora só andam com ele, prova que estava enganado.

Quil estava muito chateado com a situação, ele era um cordeiro desmembrado de seu rebanho, assim como eu era. Um pouco de simpatia se instalou entre nós. Ambos estávamos no mesmo barco. Coisa que eu realmente não gostaria de admitir.

Observei Sam com mais atenção. O cara realmente deveria ter algum dom para influenciar pessoas, como o tipo de gente com quem eu costumava andar no meu último ano de desventuras, mas havia algo de estranho naqueles olhos escuros. Eu sabia que já os havia visto e mesmo naquele dia.

Vasculhei minha memória sem sucesso enquanto vasculhava suas feições. Seus olhos encontraram os meus por alguns segundos e depois ele se virou de costas rapidamente. E então eu vi! Uma tatuagem preta e circular com algum padrão que eu não descobri se via por baixo da leve camiseta branca que ele usava. A mesma tatuagem do garoto quileute que me empurrou mais cedo.

O sangue começou a fluir para as extremidades do meu corpo. Ele era um tremendo de um troglodita, eu ainda podia sentir meu ombro latejando por causa do impacto, e tinha roubado os amigos de Quil. Está certo que eu não estava tomando as dores dele realmente, e sim achando um alvo para descarregar toda a minha raiva acumulada.

A moça do balcão jogou algo pegajoso no meu prato e Quil pegou um pudim para juntar ao meu “almoço”. Eu não queria arranjar encrenca, não mesmo. Só que parte de mim gritava para eu me atrever. E essa parte gritava bem alto. Comecei há muito tempo atrás a ponderar até onde era certo ouvi-la, porém eu sempre me convencia a ceder espaço e seguir as instruções que ela me ditava. Como agora, eu não necessariamente estaria me encrencando, simplesmente podia ir até lá e conversar. Conversar era algo bem tranqüilo e nada fora da linha. Eu podia muito bem ir até lá e conversar com Sam...

Quil me olhou com as sobrancelhas arqueadas sem entender meu conflito interno, ele se encaminhava até as mesas enquanto eu estava empacada no final do balcão.

-Maggie?- foi tudo o que ele conseguiu dizer antes de eu virar e ir em direção da mesa dos trogloditas viciados em esteróides. Pude ver sua boca escancarada antes de chegar até lá.

-Com licença!- Ensaiei um sorriso mais ou menos educado enquanto o burburinho parava e as cabeças à mesa se voltavam para mim.

- Sim?- Um dos garotos perguntou com uma risada estranha.

- Bom... Eu sou nova aqui... – Não acreditava que estava falando aquelas palavras. Apoiei minha bandeja num canto da mesa.

- É, deu pra perceber!- Outro garoto respondeu se ajeitando na cadeira.

Eles estavam caçoando de mim. Claro que isso aconteceria só que eu ia virar a mesa. Puxei a cadeira do tal Sam, ele estava de pé, girei-a e me sentei de frente para ele. Olhares desconcertantes me cercaram, alguns de raiva e outros de espanto.

-Bom, eu queria começar com o pé direito, sabe. - Aconcheguei em sua cadeira. –Toda a escola que se preze tem um valentão, mas obviamente está aqui tem uma ótima reputação!- Algumas poucas pessoas que ouviam nas mesas em volta riram. - Eu só quero garantir que não haverá problemas futuros, como empurrar pessoas e não se desculpar, isso realmente me incomoda.

Levantei as sobrancelhas insinuativamente para Paul e pude ver um traço de reconhecimento em seu olhar. Paul se inclinou por sobre a mesa derrubando bandejas com os punhos a mostra, seu corpo tremia com a raiva e seus olhos estavam muito escuros. Inclinei meu rosto para o lado sem realmente sair do lugar. Rapidamente dois dos garotos caíram por cima dele para detê-lo. Eles o arrastaram para fora do refeitório e tentavam acalmá-lo.

-Pavio curto o do seu amigo... – Balbuciei para Sam quando me recuperei do susto. Apenas ele tinha sobrado à mesa.

-Nós não queremos encrenca. Nunca quisemos, mas a encrenca sempre aparece... Não precisa se preocupar conosco, não seremos problema para a aluna nova!- Observei-o se levantar e sair pela porta lateral que ficava logo ali a menos de dez passos.

Os olhares de Helen e Judity e mais umas dezenas de outras pessoas se prendiam em mim. Minha bandeja agora estava virada de cabeça para baixo no chão, meu almoço estava acabado. Hora de sair dos holofotes! Caminhei para fora do refeitório e tomei o caminho oposto ao do que Sam tomara. Eu ficaria de olho naquele grupinho!


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