A Faculdade escrita por Juliana Belmonte


Capítulo 8
Cinema Conturbado


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! É, não saiu pequeno... Mas, quem liga!
Amei escrever esse capítulo, apesar de ser um pouco trágico, hehehe!
Beijos, apreciem!



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- O que... o que aconteceu? – disse a menina de cabelos castanhos, sentando-se na cama do que aparentava ser uma enfermaria

- Enne! Enne, você está bem? – disse James, abraçando Julienne contra seu peito, assim que notou que ela acordara

- James, o que você... eu...? Ei, um pouco de espaço, por favor? – exclamou ela, ao perceber o que a atingira, mas ele ignorou

- Meu Deus, Julienne! Você está bem? Está doendo alguma coisa? Quantos dedos têm aqui? – disse James muito rapidamente, mostrando quatro dedos na frente do rosto de Julienne

- Meu Deus digo eu! Calma aí, seu maluco! Me deixa respirar! – disse afastando bruscamente a mão do amigo.

James ficou calado, mas ainda mantinha Julienne em seus braços possessivamente. Ela resolveu não reclamar, vendo que ele não a soltaria de qualquer jeito... Aproveitou para afundar o rosto na camisa de James, que tinha um cheiro bom e acolhedor. Ela não sabia o porquê, mas se sentiu feliz ali. Como se não tivesse acabado de cair de um cavalo, nem tivesse batido a cabeça, nem mesmo desmaiado por tempo indeterminado... Aconchegou-se ainda mais ao peito de James, abraçando o garoto como se fosse um travesseiro. Este fechou os olhos, e deixou os dedos correrem livres pelos cabelos bagunçados da menina. O perfume dela era inebriante, mas suave. Cerejas. James sorriu, e apertou ainda mais sua Julienne contra seu peito. Sua Julienne.

- Ei, rapaz! Calma, sua namorada precisa descansar! – disse uma enfermeira loura, de uns 25 anos, dando um sorriso encantador

- O que? Não, ele não é meu... – disse Julienne, se afastando de James

A mulher fez uma cara de descrença.

- Er... Enne, eu tenho que ir agora, tchau! – disse ele, beijando a bochecha da amiga e indo embora apressadamente. Visivelmente nervoso...

A enfermeira murmurou algo como “esses adolescentes...”

- Bom, srta. Johnson, agora que ele já foi... – começou a mulher – Você andou fazendo besteiras ontem.

- Ontem? Eu estou desmaiada desde ontem?

- Ei, calma, mocinha! São oito da manhã, você caiu ontem às cinco! Precisava dormir, naturalmente! De desmaio eu dou uma ou duas horas... O importante é que você está bem, o máximo que pode acontecer é você ter uma dor de cabeça. Foi sorte seu namorado ter te trazido pra enfermaria do campus, sabe... Ah, por falar nisso! Ele não saiu daqui a noite toda. Preocupadíssimo com você! Você tem sorte de achar alguém que te ame tanto, está escrito na testa dele! – disse a mulher, sorrindo

- Ele não é meu namorado, já disse! – disse Julienne, desesperadamente – Ele é meu melhor amigo, ele nunca se apaixonaria por mim! O mesmo da minha parte...

- Sabe, Julienne... – disse a enfermeira, sentando-se no leito e afagando a perna da menina – Eu me casei aos vinte quatro anos. Meu marido costumava ser meu melhor amigo na faculdade de medicina... Eu me apaixonei por ele no segundo ano. No meio do terceiro, descobrimos que estávamos os dois apaixonados. Então ele foi para fora, e eu me arrependi de ter demorado tanto para falar com ele. Três anos atrás ele voltou para a Inglaterra, e nós nos casamos assim que nos reencontramos. Agora que eu trabalho como voluntária no hospital da faculdade, e vejo que há muitas histórias como a nossa... Inclusive... a sua.

- Olha, moça... – disse Julienne, séria – Eu pensei que estivesse apaixonada por James Anderson antes de ele ser meu melhor amigo. Mas eu ouvi uma coisa... Me deixou tão perturbada. Eu não poderia me apaixonar por ele nem que eu quisesse...

- Você é quem sabe, Julienne. E pode me chamar de... Annie. – disse a mulher, dando um sorriso carregado de piedade – Acho que você já pode ir...

***

- Annie... O nome dela era Annie... – dizia Julienne para si mesma.

Julienne Johnson, 18 anos, andando pelo campus carregando seus livros, com a cabeça rodando. Ela sabia que havia um motivo para a enfermeira se chamar Annie, ela só não sabia o que. Ela sentia que estava deixando alguma coisa escapar, só não sabia o que! Absolutamente frustrante!

E o que ela havia falado de sua “amizade” com James? Por que todo mundo tinha que ficar falando que eles se gostavam? Por quê? Uma amizade entre um garoto e uma garota era algo tão absurdo assim?

- O nome dela era Annie! O que isso quer dizer?- Julienne praticamente gritou, pela milésima vez

- O nome dela quem, Enne? – disse James, chegando perto dela

Ao vê-lo, a menina gritou, derrubando os livros no chão.

- James, seu palhaço! Que ideia é essa de me assustar? – disse ela, se abaixando para catar os livros

- Pobre de mim, o que foi que eu fiz? Você que se assustou sozinha, olhos de esmeralda!

- Olhos de esmeralda? De onde você tirou essa, hum... olhos de céu de inverno? – disse ela, rindo

- Ah, o meu foi muito melhor!

- Eu sei, mas eu não consegui pensar em nada melhor! – disse ela, cruzando os braços e fazendo beicinho

Ele riu.

- Mas afinal, Enne, o que a preocupas? É um belo Domingo de sol, você tem todo o tempo do mundo!

- Não, não tenho! Às sete vou sair com o Oliver. Estou aproveitando para estudar um pouco.

- Você vai sair com aquele babaca?

- O que é que tem?

- Ah, fala sério! Você vai mesmo sair com ele? Você por acaso está interessada nele?

Ele não podia acreditar. O que é que Oliver tinha que ele não tinha? Ele era James Anderson, o cara. Oliver era... ah, Oliver era Oliver! Não servia para nada...

- O que foi, Anderson? Está com ciúmes? – provocou Julienne

- Não, claro que não! Será que você não percebe, Johnson? – ele fez questão de frisar o sobrenome dela

- Perceber o que, exatamente?

- Ele gosta de você! Qualquer um percebe isso! Será que só você é burra o suficiente para não ver?

- Eu não sou burra! – disse ela, horrorizada com o quanto ele podia ser mau quando queria – Eu percebo isso! Mas eu não gosto dele!

- Então por que você vai sair com ele?

“Touché...”, pensou ela

- Você não entenderia... – disse Julienne, dando às costas a James

***

Julienne estava se arrumando para sair com Oliver. Cinema... James estava certo, por que ela ia sair com um garoto que gostava dela, se ela não gostava dele? Só iria magoar ainda mais o rapaz... Ela estava fazendo mais confusão do que pretendia.

- Bem, estou pronta. – disse Julienne a si mesma, se olhando no espelho

Cabelo preso em um rabo de cavalo alto, blusa azul- turquesa, calça jeans justa e sandália branca. Brincos de argola prateados e maquiagem leve. Resolvera não fazer a habitual maquiagem nos olhos. apenas uma sobra azul clara.

Ela pegou um ônibus até o centro. Chegando no cinema, lá estava Oliver.

“É, ele está bonitinho, mas... Não se compara ao James.” pegou-se pensando.

- Oi, Enne! – disse Oliver, abraçando a menina

- Oi, Oliver. – disse ela, se livrando dos braços dele

- Que filme você quer ver?

- Tanto faz...

- Tem uma comédia romântica passando, “Eles não se apaixonam facilmente”. Quer ver?

- Pode ser...

Ela não queria admitir, nem para si mesma, mas... estava pensando em James. Queria que ele estivesse lá, e não Oliver. Que ele estivesse tentando abraçá-la cada vez que chegava perto o suficiente. Era James Anderson que Julienne Johnson queria com ela. Era ele com quem ela queria ver um filme. Era ele...

- Julienne, por que você está fugindo de mim? – perguntou Oliver, depois de tentar passar o braço pelos ombros dela pela milésima vez, e ela tê-lo afastado pela milésima vez.

- Ah... – respondeu ela, pega de surpresa – preciso ir ao banheiro!

A menina saiu da sessão, mas não foi a banheiro. Encostou-se na parede, aflita.

- O que eu estou fazendo? – gemeu

- Julienne, você vai me escutar. – disse Oliver, chegando perto dela com ferocidade

- Oliver, eu... eu estava indo ao banheiro!

- Não, não estava! Você está fugindo de mim. Se não me quer, por que aceitou vir ao cinema comigo?

- Oliver, sai de perto de mim! Está me assustando – disse ela, recuando à medida que ele se aproximava

- Não. Eu quero você, e você também vai me querer, goste ou não. – disse ele, com ainda mais ferocidade

- Oliver, o que você vai fazer? – disse Julienne, aterrorizada. Suas costas bateram contra a parede, e ela não tinha saída.

Oliver colocou seus braços ao redor dela, impedindo-a de fugir para os lados.

- James! – gritou a menina, antes de seus lábios serem pressionados com violência

Ela se debateu e tentou se desvencilhar do idiota que a beijava a força, mas ele era muito mais forte do que aparentava ser.

Mas ele foi afastado bruscamente dela...

- Quem você pensa que é para beijá-la a força, seu filho da mãe! – disse um adolescente de cabelos negros, acertando Oliver com um soco

- Ah, aí vem o irmãozinho defender a irmã dele! – disse Oliver, com sarcasmo, tentando bater em James.

Ele, porém, era mais rápido, e desviava dos golpes rapidamente. Ao mesmo tempo, batia nele com brutalidade. Até que Oliver caiu com o nariz sangrando, aparentemente quebrado. Seu estado era medonho. James estava apenas suado e com os cabelos um pouco mais bagunçados do que o normal.

- Eu vou me vingar, seu imbecil! – disse Oliver, indo embora tentando estancar o sangue

- Tente, seu babaca, tente! Vai ser muito pior! – gritou James, com um brilho homicida nos olhos.

- James... – disse Julienne assustada

- Enne, me desculpe! Você não precisava ter presenciado tudo isso... – disse ele, correndo em sua direção para abraçá-la ternamente

- Tudo bem... Não sabia que você era tão... sei lá... Sempre te achei uma criatura tão pacífica...

- Eu? Pacífico? Meio difícil... – disse ele, sorrindo e colocando sua jaqueta sobre os ombros dela

- James, não precisa, não estou com frio! – disse ela, apesar de gostar do cheiro

- Não está com frio? É porque você está aqui dentro! Lá fora está um frio cortante! – disse ele, abraçando-a.

- Espera aí, como você sabia que eu estava aqui? – disse ela desconfiada – Andou me espionando?

- Ei, foi a Annelise! – disse ele, dando um sorriso culpado – Ela me disse pra ficar de olho em você, porque ela não confiava nesse Oliver. E ela tinha razão, não é?

- Mas como ela sabia? Eu não entendo como... Ah, claro! Típico...

- Que foi?

- Ela leu meu diário – disse Julienne, entediada

- Você escreve um diário?

- Algum problema?

- Não, nenhum – disse ele, abafando o riso – Vem, vou te levar para a faculdade.

Ele a conduziu até um carro vermelho, de um modelo que ela não soube distinguir. James dirigiu até a faculdade, onde estacionou e levou Julienne até a porta de seu dormitório. Mas, não se sabe por que, não pediu a jaqueta de volta.

Julienne entrou no quarto que dividia com as meninas, mas todas já estavam dormindo. Claro, eram dez e vinte e sete da noite e tinha aula no dia seguinte. A brasileira nem trocou de roupa, deitou-se e dormiu. Ainda estava com a jaqueta de James, por tanto dormiu embalada por seu cheiro.

Teve sonhos conturbados, mas acordou e não se lembrava de nenhum deles. Dirigiu-se a suas aulas normais. Queria falar com James.


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Notas finais do capítulo

Aposto que ninguem vai conseguir adivinhar com quem ela sonhou! Rsrsrs
Por favor, eu imploro por reviews!
Beijos & Borboletas!



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