A Profetisa - Heroes Series escrita por AliceCriis


Capítulo 24
23




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23 – Acendo a pira da morte.

Quando saí de dentro do arranha céu de Ariela, minha cabeça estava a mil – sempre estava. HAHAHA! Que legal, qualquer coisa que qualquer um que tentava clarear minha cabeça sobre eu-sou-a-garota-bennett-da-grande-profecia, mais me deixavam mais confusa. BLÁ BLÁ BLÁ, CLAIRE É A GAROTA DA PROFECIA, BLÁ BLÁ BLÁ, COMO ELA TEM SORTE, BLÁ BLÁ BLÁ, SE PREPARE, TUDO IRÁ MUDAR.

CHEEEEEEEGA! Se for pra falar, fala de uma vez, suas ervilhas radioativas!

Mas minha mente se dissipou quando eu olhei para fora e vi Hoo se desfazendo em lágrimas abraçada á Fred.

- Há quanto tempo ela está assim? – perguntei para Melanie que estava próxima á cena.

- Desde que nós saímos do ginásio. – respondeu, a maníaca do quarto, deprimida.

- Ariela vai fazer alguma cerimônia?

- Sim. E você vai acender a pira da morte.

Um minuto... WTH?

- Eu? Porque eu?

- Ariela acha que você deve fazer isso. Você tem aura pura... uma baboseira assim.

- Eu? Alma pura? Pfft. – só me faltava essa. Uma de minhas melhores amiga morre, e eu acendo a pira funerária dela, por que eu tenha a alma mais pura... Só podia ser piada. E sem graça, graça é quando você solta um bando de mirtilos corredores no salão de jantar. Isso é engraçado.

Hope não parava de soluçar, gemer que Z tinha morrido e choraaaaaaaar e choraaaaaaaaar. Eu me ofereci para dar um lenço a ela, mas ela estragaria meu lenço e mudei de idéia. Também tentei animá-la com imitações de alguns ídolos como John Lennon – mas temo que minhas imitações não são muito boas, porque ela começou a chorar mais. Por azar, Hoo é uma fã de John Lennon e John Lennon está morto. Ótimo.

O sol recobria à tarde, e o dia se despedia. Graças aos deuses! Agora eu só precisava acender a pira de Z – na frente de todo mundo, por incrível que pareça, eu estava querendo fazer isso logo. Como se Zoe estivesse me implorando para fazer isso. Voltei ao dormitório, subindo as escadas, para passar o tempo. Passei pela cozinha do prédio dos calouros e procurei por donuts. Nada. Frustraaaante! Contentei-me em comer uma maçã – meu metabolismo iria interpretar a mesma coisa, donut ou qualquer outra coisa, eu não engordava um quilo. Bléeeh, mora de inveja!

Cheguei ao nosso quarto, e não encontrei Joe. Mas o quarto estava limpo – era o que importava, oras! Troquei de roupa apressada, por um macacão preto – o único elemento preto no armário. Pfft.

Coloquei sandálias sem salto e desamarrei meu cabelo. Pronto. Já não estava mais vestida como uma mal amada.

Terminei de comer minha maçã e abri a porta para descer do prédio. Olhei para o elevador e Sharon Vadia Louis, estava nele.

- Segura o elevador! – gritei.

Ela arregalou os olhos como um poodle assustado e apertou com força, no botão para descer mais rápido. Ah, sua vaca. Obrigada.

Coloquei meu pé entre a porta que se fechava e revirei os olhos – Obrigada.

- Vai jogar na minha cara por Ártemis não ter me escolhido? – ela me olhava com desdém – Eu falei para ela não me escolher. Satisfeita?

Dei de ombros – Danem-se as Caçadoras. Só queria dar os parabéns.

Ela estreitou os olhos em ameaça. – O que está tramando, olhos-de-guaxinim?

- Só queria dizer que tem um ótimo motivo para ser uma vadia, filha dos consortes.

Achei que ela me ignoraria. Mas ela bufou alto e lançou uma bola flamejante em minha direção: - Você não sabe nada, sobre mim. Bi-dot.

Quem entende as vadias, afinal?

- Você quer dizer que... viver sobre os bons olhos dos argumentadores, é uma coisa ruim? E agora está brigando comigo por... poder. É... isso faz sentido. – filosofei.

- Quer mesmo saber? – ela parecia ter se fragilizado comigo, e seus olhos eram grandes e magoados. Por algum motivo, muuuuuuuuuuito desconhecido, companheiro, fiquei com pena dela. – Nunca vivi com meus pais. Só os vi uma vez na vida, Gallatea. – logo seus olhos viraram navalhas novamente.

E pela primeira vez na vida: eu não tinha o que dizer. E o pior: eu não consegui detestar Sharon Louis.

Por sorte, o elevador abriu, e ela saiu pisando duro. Não tenho nada a dizer sobre o assunto – ainda.

Estávamos todos na capela – onde tinham imagens de Maria e Jesus – todos os alunos calouros vestidos de preto, e esperando que Ariela prosseguisse com a benção final de Zoe.

Todos nós – amigos de Zoe – estávamos na frente. Eu estava cercada por Joe e uma Hope toda melecada de lágrimas.

Joe não falava muito. Sabia que Joe tinha problemas com perdas. Pouco antes de eu chegar, seu tutor, Gabe, namorado de Zoe, morreu. E eu – linda, sexy e maravilhosa – ajudei a consolá-lo.

Só agarrei firme a mão dele, e não disse mais nada. Homens não gostam de palavras melosas quando perdem alguém.  Fica minha dica, companheiras.

Logo Ariela – que andava muuuuito fora de seu arranha céu – entrou na capela, segurando a chama de Zoe. Disse algumas palavras bonitas e mandou que os amigos de Z – no caso, nós. Beleza, falar sobre uma garota que estava sendo muitíssimo ranzinza antes de morrer. – falassem coisas boas sobre ela.

Joe se lembrou de um jogo de Prismaball. Que eu não tinha participado... o que significava: Há um loooooooooooongo tempo atrás...

Melanie comentou sobre como Z tinha bom gosto para sapatos. E pediu para ficar com os de Z. pedido negado. Bem feito, hmpff.

Hope fez todos ficarem mais deprimidos e falou muuuuito sobre o quanto Zoe sofreu quando Gabe morreu. E como ela estava fazendo todos nós  sofrermos agora.

Fred não disse muito, só falou que Z era uma grande amiga.

Logo chegou minha vez – já que as Caçadoras tinham levado duas de minhas amigas, Leslie e Harper – não soube muito o que dizer: - Zoe. – bufei – acho que... desde que cheguei aqui, conheci duas Zoes. Quando cheguei aqui, caros indivíduos, Zoe era legal e não tinha nada de ranzinza. Ela até me ajudou a catar sanguessugas para jogar em Sharon, uma vez. – sorri – Mas depois de algum tempo, Zoe foi levada a odiar algumas coisas... entre elas, odiar sua própria natureza. Odiar respeitar seus próprios limites. Todos sabemos qual é nosso ponto fraco. A escolha é nossa... e infelizmente, Z fez a dela. Me amem, me odeiem, mas fatos são fatos. – sorri – E que Z seja mais feliz onde está agora.

Dei a vez para Sharon. Ela não pareceu tão mais vadia para mim, ao menos.

- O que dizer de Zoe? Zoe sempre levou tudo aos extremos, como todos aqui sabemos. E... ela é cabeça dura como uma pedra, não é Bales? – ela sorriu para alguém da capela – Zoe nunca foi uma pessoa perfeita. E... cá pra nós... quem daqui é? – risos – Gostamos de burlar regras, e nos infiltrar em dormitórios que não nos pertencem. Passar a noite com nossos caras, e beber champanha até não agüentar mais. Não é a minha obrigação dizer que Zoe foi uma santa durante seu período aqui. Mas... quem somos nós para dizer o contrário. Afinal... Zoe é Zoe. E nunca mudará o fato de que ela estava conosco e vivemos coisas incríveis juntos. E para quem fica, saudades.

Sharon sorriu fracamente – o que digo que não me anojou. AAAAAH! Eu estava detestando menos Sharon. Por favor, se existe algum Zeus nesse enorme céu, diga que isso não é verdade!

Ariela caminhou até mim e colocou em minha mão, a chama de Zoe. Acenei para Laster no meio das pessoas na platéia e ele sorriu em resposta. Alguém consegue resistir á mim? PFFT!

Caminhei pelo corredor, e lá estava a pira da morte.

Senti um arrepio em minhas costas e senti a chama refestelando-se pelos meus braços. A cada passo em direção á pira, a chama aumentava. Sim. A chama tinha vontade própria. Caminhei mais rápido para a pira, e soltei a chama e a pira se acendeu. A chama cresceu de tamanho e cordas suspensas começaram a levá-la para o alto.

E esse foi nosso adeus definitivo á Z.


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