A Profetisa - Heroes Series escrita por AliceCriis


Capítulo 13
12




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12 – A vadia, o pau-de-sebo e a bandeira.

Tomei um banho rápido, e me preparei normalmente – tênis de cano alto, jeans e camiseta... Qual é companheiro, todos aqui estão muito bem conscientes que eu sou um sexy simbol com adição de um “q” de imã do sexo oposto. Sempre foi assim – e sempre vai ser, o que é um fato.

Eu tinha certeza que aquele dia seria memorável – afinal, a vida daqueles Dot´s, mudaria para sempre, pois minha presença, os abençoaria à cada dia... – mas o fato de eu estar com as pilhas trocadas e um bom banho tomado, já me dava à sensação de puro sucesso.

Voltei ao quarto, já outra garota – até poderia dizer, á Claire de alguns dias atrás, que só pensava em ter seu time de basebol em boas condições e manter seu peixe vivo por - pelo menos – dois dias. Dei passagem á Joe que me olhou com seu sorriso NHUMY!, e logo entrou no banheiro, para que nós abalássemos meu primeiro dia na APE. Olhei para a janela, e vi os jovens transitando por todos o campus – aparentemente, olhando para meu quarto e esperando ver a Bi-dot chegar... – afinal, quem não aguarda ansioso para me ver?

Estranhei um pouco, minha mudança de atitude – o que um banho poderia fazer, afinal? – eu estava preocupada em não ser a Claire rebelde e original de sempre, para que eu sobrevivesse... mas agora, quando eu olhei para a janela, senti meu colar tombando sobre meu peito, ouvindo duas vozes resmungonas na minha cabeça – o que era um tanto bizarro, com toda a certeza – e o sol nascendo e dando vida ás palmeiras – e também para os sumagres venenosos á baixo de nós. E a quem eu estava querendo enganar? Eu era... bem... aquela Claire cabeça dura e completamente linda que tinha seu tipo específico de viver... e que Jesus – o bam bam bam lá de cima, me salvasse de minhas próprias garras.

O sol batia no meu rosto e eu sorria enquanto cantarolava Forever Young junto com Joe, enquanto caminhávamos para a cafeteria do campus, para uma fazer uma boquinha antes - como eu sempre digo: donut´s com cobertura de calda quente, nunca são demais...- Joe estava animado, e parecia impressionado com minha mudança de humor desde que acordei e tudo mais – e além de tudo, eu sou bem durona, considerando o fato de eu ter tentado voar ontem... Numa tentativa um tanto desastrosa, quero dizer... eu caí em cima do Joe... mas mesmo assim não torna a situação mais confortável... Só sei que apaguei – acenei para todos os que acenavam para mim – extasiados com minha bela aparência, obviamente... hmpff.

- Você parece mesmo animada.

- Yeah! – disse extasiada, bebericando o canto de meu copo de café... Deus! Como eu não consigo viver sem cafeína?!

Mordi meu donut e imediatamente a maníaca do quarto – também conhecia como Melanie – sentou-se ao nosso lado e batucou na mesa, falando algo sobre a felicidade de ser meu primeiro dia de aula, e tudo mais.

- Também estou contente. – mastiguei meu donut de bom humor. Do jeito que tudo acontecia, nem lembrar aquele cara – cujo nome inicia-se com “T” – estragaria meu dia. – De qualquer forma... eu estou gostando daqui.

Olhei em volta, e vi vários adolescentes normais comendo donut´s, waffles e bebendo café expresso, todos conversavam animados e pareciam realmente... comuns – apenas retirando o fato de algum donut sair voando pelo meio de todos nós e explodir ou pegar fogo... era estranho, mas não deixada de ser hilário.

Já estávamos quase acabando – Joe, Melanie e eu – quando Sharon – realmente aquela vadia chata, que estava na mesa ontem, no jantar... e parecia ser a bam bam bam dali – e de fato, era muito... demasiadamente e exageradamente pé no saco...

Ela estava segurando um tipo de vitaminas de fruta, quando chegou e estabeleceu-se na minha frente. Já disse que ela tem pose de uma vadia? Bem, acabei de dizer...

Estreitou os olhos para mim, mordeu os lábios em presunção e falou com a voz doce e sarcástica: - Se você ousar atravessar o meu caminho, anormal... você está completamente acabada.

Se o intuito daquela garota – vulgo, quadrúpede ruminante – era me assustar, sua tentativa foi completamente vã. Bem, companheiro, era estava tentando assustar Claire Bennett, afinal... como se isso fosse possível.

Nem ao menos olhei para Joe ou para Melanie sentados naquela mesa. Apenas levantei, com meu perfeito sorriso e sussurrei: - Medo não existe no dicionário segundo Claire Bennett, se ainda não sabia disso... é melhor se atualizar, companheira. – minhas palavras soavam dóceis e naturais, até mesmo tentando meter medo e alguém eu era adorável, como não me amar? – E... eu não sei o que você é ou deixa de ser aqui, mas... Minha existência deve incomodar bastante você... afinal seu cabelo parece um escovão de privada, comparado ás minhas madeiras angelicais.

Seus olhos iam diminuindo em fendas pequenas, quase como lâminas pequenas e ferozes, mas eu não tive medo, apenas gargalhei. E como uma tentativa estúpida, tentou me esbofetear o rosto – manobra bem conhecia por vadias e piranhas – mas apenas dando um passo atrás, ela estapeou o ar e perdeu o equilíbrio por alguns segundos – dos quais aproveitei para virar o copo de vitamina em cima de seu busto moreno perolado – e estranho – e ela ficar ensopada.

- Bi-dot, você está morta. – ela guinchou com toda a cafeteria olhando pasma, para sua cara estúpida. – Não sabe com quem está lidando.

Ela rangeu os dentes e nos deu as costas, numa perfeita cena de filme onde a vilã leva um banho de vitaminas.

- Você não deveria ter feito isso; - Melanie, me alertou enquanto eu me sentava – Por acaso sabe quem é Sharon?

- Deveria?

- Sim! – Joe suspirou – Ela é a caloura com mais potencial de poder de todas as APE´s da América! Venceu todos os jogos de Éphira!

Revirei os olhos e terminei de beber meu café.

- E daí? – respirei fundo, fitando minhas unhas.

- Ela está conosco em todas as aulas práticas e teóricas... Ela vai dizimar você! – Melanie tentou por juízo em minha cabeça, suponho. Mas juízo eu só bebo nos finais de semana... regado á muita vodka e limão...

- Acham que eu não posso derrotá-la? – eu estava incrédula... e irritada. Aquela voz selvagem em minha cabeça gemeu alto: “Hey, spaz Bennett... Vamos lixar a cara daquela vadia...” e tão rápido quanto chegou... ela se dissipou e calou-se.

- Você pode ter dois dons, Benny – Joe tentou inutilmente se defender – Mas não está aqui á metade do tempo que ela, ela pode fazer todo o campus se incendiar em menos de cinco minutos!

- Ah, obrigada por me dizerem que eu sou tão fracassada. – sorri de má vontade, retirei uma nota de dez dólares do bolso e joguei-a contra a mesa. – Au revoir!

Levantei-me e saí com toda a pompa que eu mereço – sim, gosto de fazer cenas dramáticas. Eu não estava furiosa com Melanie ou Joe, ambos foram realistas – mas... eu precisava de uma desculpa para zanzar por aí sozinha, sem ninguém ao meu encalço... – e talvez até encontrar o Laster-do-traseiro-legal.

Jovens passavam rapidamente entre os prédios de ensino e entre eu e os demais estudantes, todos murmuravam um: “Oi, bi-dot e aí?” E tenho certeza que aproximadamente sete caras piscaram pra mim – Ah, como eu sempre digo: sou o oitavo pecado capital... hu-hu;

Mas eu estava olhando para a calçada de tijolinhos marrons e cinzas, e apreciando os enormes prédios de estudos. Aquele campus era cercado por um muro – realmente muito, muito – alto, e no seu interior, tudo parecia realmente aconchegante – como uma cidadezinha catalã, com vários postes de iluminação distribuídos por todos os cantos, bancos e doçarias e coisas assim por todos os lugares... Os prédios tinham um símbolo diferente á cada um que eu passava – símbolos de penas de escrita, espadas de luta e esgrima, e símbolos que nem eu mesma sabia o que significavam. Tudo era quase surreal.

Algumas palmeiras estavam cercadas por sumagre veneno, e eu abaixei-me para certificar se aquilo era mesmo sumagre  - ou não. Segundo o dicionário de Claire Bennett, sempre se deve certificar o que é ou não perigoso. Prevenção é ótimo... e sexy.

- Claire?

Levantei-me instintivamente, e olhei para o cara de óculos escuros e cabelos pretos. Laster.

- Oi. – sorri, fingindo não estar fugindo do meu mentor.

- O que está fazendo aqui? Inspecionando sumagre venenoso? – ele torceu a sobrancelha. – Isso não faz muito seu estilo...

- Bem... Yeah, estou explorando um pouco por aqui. – dei de ombros.

- Eu estava procurando você. – ele remexeu no bolso de sua calça jeans – Esqueci de te dar isso...

Ele pegou um bracelete com uma – que possuía uma espada cravada em cobre – de suas mãos e pegou meu braço – e o puxei instintivamente para mim.

Eu desde que me lembro – uso um bracelete para esconder uma marca de nascença, que tooooda minha família... meio que... repugna. É, é bem idiota da parte deles, mas todos – sem a mínima exceção – não consegue olhar pra ela, e desde que eu tinha seis anos, uso uma bracelete pra esconder a marca de estrela de seis pontas. É bem bizarro ter uma marca tão definida em meu braço – mas o mais bizarro disto, é o fato de meus pais não me contarem o fato disse ser tão... anormal. Mas... deixa prá eu sou mais do que uma marca... hmpff. Mas mesmo assim, eu não queria que alguém a visse, já era ruim de mais que minha própria família não gostasse daquela marca, seria idiota demais da minha parte, deixar o Laster – vulgo, cara do traseiro legal – ver minha marca estranhamente bizarra.

- O que foi? – ele arqueou as sobrancelhas para mim – Está me confundindo com um boing?

Não respondi, só prendi meu bracelete mais forte.

- Claire? – ele me olhou curioso, e retirou os óculos, deixando seus olhos lilases me fitarem sem obstáculos. – Você precisa disso. – ele levantou o bracelete que segurava.

Eu olhei pra ele e pro meu braço. Não parecia que ele me acharia bizarra ou que eu fazia parte de algum culto, quando visse minha marca... então cedi.

- Eu não participo de nenhum culto... só pra você saber. – sorri amarelo.

- Você é engraçada... – ele riu, e retirou meu velho bracelete e se deu de cara com minha marca. Uma marca vívida e era obvio que era de nascimento, mas tinha seu desenho muito bem detalhado. Olhei para o rosto de Laster, que olhava de um jeito estranho, para a marca.

  - Quer parar de olhar? – franzi o cenho mal humorada, e puxei meu braço sem bracelete, sentindo ele levemente vazio e leve demasiado.

- Precisamos falar com Ariela e Amentia... – ele comentou, enquanto caçou meu braço novamente e selou-o novamente sem se importar com minha rigidez.

- É só uma cicatriz de nascimento, não uso drogas nem nada. Inferno – grunhi em resposta á ele.

- Não é isso. – ele apertou meu braço e eu senti um formigamento forte nele. – Isso é... inacreditável.

Sua expressão variava da incredulidade e fascínio. Ele é maluco – que ótimo. Ele olhou brevemente em seu relógio.

- Não deveria estar com seu mentor? – ele não gostou de falar a parte do “mentor”, mas foi sério.

- Eu deveria... – assobiei baixo e apertei seu braço. Eu o faria esquecer-se do assunto, só com um risinho e um aperto no braço.

- Bennett, você não vai querer se atrasar para o seu primeiro dia de aula – ele gargalhou - e suponho que não irá querer ir de avião até lá.

Realmente parecia que o episódio do avião não sairia de sua cabeça tão cedo... para minha sorte. Hmpff.

- Tudo bem... vamos logo. – bufei, mas percebi que ele queria que eu tivesse dado o risinho que faltara para que ele esquecesse o assunto. Sinto muito, parrudão, essa chance você perdeu.

- Ah... – ele pareceu mexer em seu bolso – Eu esqueci de te devolver isso.

Ele pegou meu celular de seu bolso e me entregou.

- Um tal de Tyler ligou pra você a noite toda. – ele queixou-se – É seu namorado?

- Digamos que ele é um coliforme fecal. – empinei o nariz. – Vamos logo pra minha aula.

A sala estava cheia de calouros e ao adentrarmos o prédio o olhar de um homem que eu já conhecia, caiu sobre mim e ele disse: - Está atrasada Profetisa. Laster, você também.

Laster murmurou algo em meu ouvido sobre garotas e coliformes fecais.

- Profetisa, lado esquerdo. Hooker, lado direito. – ele mandou. Duas aglomerações de alunos estavam divididos ao meio – direito e esquerdo, quem imaginaria?

E para minha surpresa, meu mentor Joe, estava lá e me recebeu com um abraço desajeitado de um só braço. – Procurei você por toda as redondezas do Coffee Clauch. – ele suspirou.

- Eu to bem – bufei e me puis no meio de Melanie e Z, que me olhavam divertidas, como se Joe tivesse tido um faniquito na minha falta, o que eu acho bem provável...

- Para quem ainda não me conhece, eu sou Steban, o professor de vocês de exercícios aéreos. – ele disse e apontou para um longo tronco grosso, no meio do pavilhão. – Vocês vão ser avaliados sobre a velocidade e seu método de conseguir alcançar aquela bandeira. – ele apontou para uma bandeirinha que ficou extremamente pequena em cima de longo tronco, que eu deduzi medir no mínimo uns 50 metros de altura, e me dei conta que aquilo não era mais um prédio... era um ginásio. Hmpff. – O método funciona da seguinte forma: todos vão tentar pegar a bandeira, como um exercício solo, lembrem-se que o tronco é extremamente liso, e não serão aceitos outros objetos, que não sejam fornecidos por seus dons. Depois de terem noção da altura, velocidade e atrito de seu corpo com o tronco, vão fazer o exercício com um oponente, da equipe adversária, compreenderam?

- O nome disso é chama pau-de-sebo... – comentei comigo mesma, e percebi que mais gente tinha ouvido, quando gargalhadas e risos se dissiparam por minha volta.

O professor pareceu não ter ouvido quando chamou o primeiro nome:  - Hope Samantha Stevenson!

Hope levantou-se e foi até o tronco. – Hey, Claire! Você tem mesmo razão! – ela gargalhou – É mesmo um pau-de-sebo!

- E eu não disse? – com olhos dissimulados e um sorriso.

Todo mundo gargalhou um pouco, e fizeram uma fila atrás de Hope, e esperavam sua vez para pegar a bandeira vermelha em cima do pau-de-sebo.

- Desculpe pelo que nós dissemos, na cafeteria. – Melanie se desculpou e acenou enquanto caminhou para a fila que se formava para tentar pegar a bandeira.

- Realmente... não quisemos ofendê-la. – Joe segurou meu braço e o puxou para ver meu novo bracelete. – Hey... de onde tem isso?

- Hm... Eu encontrei Laster enquanto explorava, e aí ele me deu o bracelete e me entregou o celular. – sorri sem jeito.

Ele não disse nada, apenas me deu um beijo na testa e caminhou para a fila enquanto resmungava algo sobre óculos escuros estúpidos...

- Olá, Profetisa. – Steban se aproximou e sorriu – Como está indo com seu mentor?

- Oi, Steban – respondi – Yeah, fora que tem vozes estranhas na minha cabeça... está tudo ótimo.

Eu sinceramente não sei de onde minhas palavras saíram para desabafar assim, nem eu mesma tinha pensado muito sobre isso – era estúpido demais, para ser verdade... Mas foi assim que eu confessei que estava sendo bizarra, para o marido da minha tutora.

- Então você já está falando com elas? – ele pareceu um pouco impressionado.

- Como assim “já”? – eu revivei os olhos.

- Acho que teremos mais alguém para competir com a Chama. – ele pareceu levemente positivista em relação á aquilo, ou apenas estava fascinado com meu belo cabelo... – Ela foi a primeira Caloura desta turma, e se você evoluir rapidamente, pode disputar facilmente com ela.

- Sharon?

- Sim, é esse seu nome. Costumo chamar os calouros pelo nome de batismo Dot. Mas também serve... – ele suspirou – Mas voltando, você ouve ao certo... quantas vozes?

- Duas.

- Já sabe seus... nomes?

- Futurum e Storm.

Ele me olhou fascinado.

- Isso é fantástico. Simplesmente fantástico! – ele recitava, e seus olhos pareciam voar das orbitas para qualquer lugar, que não fosse ali. – Bem, Bi-dot, vamos começar com a teoria e depois com a prática, certo?

Assenti. Ele disse que meus dons são fantásticos, porém... EU SOU FANTÁSTICA, ainda não deu pra entender?!

- Você precisa absorvê-las e sê-las. – ele disse aquilo, como se me desse bom dia.

- E isso é muito fácil. – disse sarcástica. Olhei para o pau-de-sebo, e lá estava Sharon – vulgo, vadia vadia e vadia, demonstrando suas habilidades heróicas com um bocejo nos lábios.VACAAAAA! Ela estalou os dedos e seu corpo pegou fogo, e como se tudo fosse pouco, um jato de fogo á impulsionou pelos 50 metros de altura e a fizeram pegar a bandeira idiota e cair de pé, sem fogo nenhum em seu corpo. Quadrúpede ruminante!

- Viu? – ele sorriu de canto – Vamos ver se pode fazer igual.

Tive vontade de partir a cara de Steban com um taco de basebol autografado pelos Jet´s de NY – eu não era uma imitação de ninguém – se ele ainda não tinha percebido, as pessoas me imitavam, e não eu as imitava. E agora não seria diferente, companheiro.

- Eu não vou fazer igual. – resmunguei, e pude ouvir Storm tendo um ataque de raiva na minha cabeça – Eu vou fazer isso muito, muito e muito melhor do que ela pensa em fazer.

- Ótimo – Steban recitou com empolgação – raiva é um ótimo impulsionador.

- Me diga o que eu tenho que fazer.

- Respire fundo e se acalme. – ah claro, seria muito fácil me acalmar enquanto queriam que eu imitasse uma vaca flutuando com fogo, EEEEEWWWWWW! – Agora, pense em Storm.

Ele pareceu conhecer Storm, quando falou seu nome, mas era estranho... pois mesmo que eu tenha consciência dela á algum tempo, eu não me sinto muito feliz e confiante em uma louca e explosiva em minha mente...

- Certo.

- Agora diga a ela que vocês tem de se mesclarem. – ele deu mais uma dica.

- Isso não vai dar certo. – pelo pouco que eu conhecia de Storm, eu sentia que ela tinha uma estima selvagem do jeito de ver a vida, e nem em qualquer circunstância, ela me obedeceria... ou faria qualquer coisa que eu quisesse que ela fizesse...

- Algum motivo?

- Ela não curte o trabalho de equipe... ou melhor, ela prefere... vôo solo, se é que me entende. – gemi baixo, me recordando da minha patética tentativa de voar no refeitório.

Ele riu um pouco.

- Espíritos selvagens. – decifrou – Nada melhor que competição, para impulsioná-los á juntarem á si.

- Quer dizer que ela é... competitiva?

- Exato. Subestime-a, faça com que se sinta pressionada á melhorar e evoluir, e assim você vai se mesclando á ela, e quando percebe ela e você já são as mesmas. – suspirou como se fosse simples.

- Ela me disse que é indomável. – lembrei de uma fala de nossas primeiras conversas.

- Todos acham que são. Só... não deixe que eles sejam indomáveis... – ele piscou para mim, como se tivesse me dado a fórmula para a cura do câncer.

  - Com licença? – Laster caminhou para o lado do professor, com o rosto tomado por nostalgia. Não sabia se ele estava contente por ter escalado o pau-de-sebo ou por estar ao meu lado... – Professor Steban, acho que temos que levar Claire para falar com Amentia.

- Hooker, por que Profetisa precisa falar com Amentia? – torceu o cenho.

- Por isto. – Laster puxou para cima meu bracelete, me deixando com a cara no chão na frente de Steban.

- Hey! – gemi em protesto, mas a mão forte e apertada de Steban segurou meu braço para que eu não escapasse dele.

- É a garota da profecia. – indicaram os dois homens dali.

Fiquei com cara de boba – que provavelmente não deixava de ser muito atraente... – e ouvi Joe me chamar: - Benny, é sua vez!

Steban e Laster se conectaram em uma conversa, da qual eu não conseguia nem mesmo entender. Segui para o lado de Joe e pensei em como eu pegaria aquela maldita bandeira... diabos...

- Hey Bi-dot, eu sempre soube que você não é mais do que um boato, não é capaz de fazer esse exercício. – Sharon, me olhou com repugnância, e o ódio que brilhava em seus olhos refletiam em sua pele morena e me davam náuseas.

Meu sangue fervilhou e eu ouvi Storm enlouquecendo dentro de mim.

“Vamos fazer essa vadia comer besouros rola-bostas!” Não gostei muito do que ouvi, mas senti que eu tinha poder. Era estranho, como se tudo estivesse ao meu comando. Como se... eu pudesse estalar os dedos e o mundo estaria ao meu comando, e pensei se quando eu finalmente controlaria meus dons, eu não enlouqueceria e tentaria dominar o mundo...

- Tudo é uma questão de calma. – Joe me incentivou, depositando suas mãos em minha cintura – Sei que você pode, Benny.

Até aquele momento, eu não tinha notado o quanto gostava dele. Seu toque foi único e... especial. Diferente? Talvez... mas só sei que nunca tinha sentido algo tão... único. Meu estômago revirou – não de um jeito ruim – só especial, como se eu abrisse a boca, e glitter sairia dela. Minhas orelhas esquentaram junto com minhas bochechas...

E para quebrar toda a benevolência e  magnitude do momento, um grito gigante e agudo esticou-se pela minha cabeça e em segundo eu entendi por que: Futurum estava mandando uma  visão. Meus olhos perderam o foco, até entrarem em escuridão. Em segundo, uma figura de uma grande – lireralmente – mulher, me olhava. Não poderia dar certeza de quem ela era... mas só usava vestes brancas e douradas e tinha um cabelo loiro – parecido, muito parecido com o meu – mas a visão foi curta, embaçada e confusa. Fiquei desnorteada quando voltei á mim, mas fiquei feliz internamente pelos meus olhos não terem sangrado – como da primeira vez.

- Você está legal? – Joe me apertou mais um pouco.

- Só foi uma... visãozinha. – resmunguei. Mas a raiva ainda pulsava feroz em mim. E sabia que Storm estaria pronta para voar assim que eu me recomporia. Me desvencilhei de Joe, e olhei para o pau-de-sebo. Meus pés não me dificultavam, mas o olhar de nojo de Sharon – AAAH SUA VADIA! – me faziam estremecer e ter vontade de partir seu crânio em dois...

Em segundos, meu corpo estava a meu controle – e foi como sonhar... fácil e divertido. Eu voei rápido e para cima, sem pestanejar. Como se eu tivesse mesmo nascido com asas e voar fosse uma breve e segunda natureza. Minha mão se fechou em torno da bandeira vermelha que estava no topo do pau-de-sebo e pronto. Eu tinha ido bem, até aquele instante, e poderia ser realmente muito melhor que Sharon sequer pensou em ir. – eu não disse? MUHAHAHA.

De repente, o vento me apressou para baixo – mas como sempre, eu não senti medo – foi apenas extasiante... e quando meus pés  tocaram o chão... uma salva de palmas me aplaudia, com excitação.

Sharon – ou chama, como preferir, companheiro – chegou mais perto de mim e frente á frente resmungou: - Você está morta, Bennett.

Ela saiu pisando duro, com uma chama se refestelando em suas costas. E com toda a comemoração ao meu redor pelo meu bom desempenho – inclusive Storm e Futurum dentro de mim – fui apenas capaz de perguntar para Joe: - Hey Joe... onde eu posso encontrar sanguessugas por aqui?


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