O Último Suspiro escrita por Borboleta Negra, gabidofletcher


Capítulo 7
Capítulo 7




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Ela sabia que eu não ia acreditar. Quer dizer, acho que ela suficientemente inteligente pra perceber o quanto eu era detalhista nisso. A voz dela já dizia tudo para mim. Ela estava me escondendo coisas! Eu era a única família dela agora e ela estava escondendo! Eu simplesmente não conseguia aceitar.

Continuei á caminhar pelo corredor normalmente, Gabriela do meu lado em silencio. Ás vezes ela olhava para trás, olhando algo, mas eu deixei para lá. Ela ficaria nervosa se soubesse que eu queria descobrir o que ela queria.

Sentamo-nos no corredor, em frente á parede, uma do lado da outra, o espaço entre nossos ombros era considerável.

_Você está com medo?_Ela perguntou.

_Achei que era óbvio._Brinquei olhando agora para ela.

_Ah, é mesmo._Ela riu._Bruna, será que... Bruna, por que você..._Ela parecia meio confusa._Como você...

_Fale logo, por favor._Sorri olhando para ela.

_Por que será que os dois estão atrás de nós?

Descolei meus lábios, pensando um pouco e olhando para a frente.

_Realmente, eu não sei.

_Eu queria ser você._Ela murmurou.

_Por quê?_Perguntei espantada.

_Um anjo, Bruna! Olha com quem você está lidando e eu, eu estou numa situação muito mais difícil!

Franzi os lábios.

_Sim, eu sei Gabriela._Sussurrei._Mas vamos ser fortes.

Estendi a mão para ela pegar, mas algo machucou meus dedos. Como se fossem queimados, como se alguém os tivesse iscado.

_Ai!_Gritei exasperada._O que é isso?_Gritei com meus dedos sendo apertados contra o meu corpo, a dor era quase insuportável e eu já sentia as lágrimas saindo ligeiramente pelo canto de meus olhos comprimidos.

_O que foi Bruna?_Ela perguntou já se levantando.

_Não Gabi, não chegue perto!_Eu gritei e ela parou.

_O que está acontecendo?_Ela olhou em volta.

_E-Eu me queimei tentando estender a mão._Elevei um de meus dedos até lá novamente.

“Não!”, uma voz gritou desesperada e eu parei.

Olhei ligeiramente para os lados e fechei meus dedos, guardando-os para mim. Peguei um pedaço de madeira que estava no chão, bem pequena e tentei passá-la. Ela simplesmente se decompôs.

_Eles querem nos separar..._Murmurei e olhei para Gabriela._Gabriela, eles querem nos separar!_Gritei.

_Oh meu Deus!_Ela gritou se ajoelhando.

Gemi de medo.

“Acalme-se, Bruna...”

_Como eu vou me acalmar numa situação como essa? Que droga!_Gritei batendo com força no chão com o punho.

_Bruna...?_Gabriela estranhou meu ato.

Prendi a respiração involuntariamente e olhei para o outro lado. Havia uma porta fechada.

_Eu estou presa aqui..._Sussurrei._Eu não posso mais sair.

_O que?

_Só tem essa porta._Apontei para ela, mantendo meus olhos na mesma, com medo de ela abrir-se e mostrar algum monstro terrível.

Gabriela olhou para o chão e pegou um pedaço de madeira que também estava ali, mirando no final do corredor do seu lado e atirando.

Ele se decompôs.

_Eu também, Bruna._Seu murmúrio foi fraco e rouco._E aqui a minha porta._Ela apontou para frente.

Eu não havia reparado na porta de madeira escura em frente á minha amiga anteriormente, mas agora que ela havia falado...

_Eu estou com medo._Falei._Muito medo Gabi, eu quero... Sair daqui!

“Entre nessa porta Bruna, eu te imploro... Posso curar esse pequeno coração inocente.”

A voz sussurrou novamente. Ela era baixa, quase um sussurro e tinha um som gostoso de se ouvir. Queria ouvi-la novamente. Suspirei pesarosamente e me levantei, indo em direção á porta.

_Bruna! Por favor, Bruna, não abra essa porta, Bruna!_Gabriela começou á gritar freneticamente, abanando as mãos.

Olhei para a porta de novo, minha mão estava quase chegando á maçaneta.

_Não, Bruna, não vai ter volta..._Ela estava desesperada, seus olhos já estavam pingando lágrimas que escorriam pela bochecha.

Engoli seco. Ela tinha razão. Voltei para o meu lugar e me sentei.

_O que vamos fazer?_Ela perguntou, mas sua ultima palavra ficou cortada no final.

Esperei ela tirar os olhos do ponto fixo e olhar para mim sorrindo como se nada tivesse acontecido.

_O que ele está te falando?_Perguntei ríspida.

Ela pareceu surpresa.

“Você é esperta...”, uma voz infantil atingiu meus ouvidos.

_Ele... Ele quer que eu entre._Ela estava com medo.

_Você quer?_Perguntei e ela pareceu ficar sem fala, abrindo e fechando a boca duas vezes._Uma hora iremos entrar, se ficarmos aqui consolando uma á outra ficaremos com cada vez mais fome, mas vontade de urinar, nosso corpo vai ficar desnu...

_Ei, ei, sem sermão cientifico, por favor._Ela falou séria.

Suspirei tentando me acalmar e passei os dedos pelo cabelo, uma coisa que eu sempre fazia quando estava raciocinando.

_E agora?_Perguntei a olhando._A casa já está escura, o que vamos fazer?

Ela pareceu pensar um pouco, eu ainda conseguia vê-la apesar do escuro intenso. Ela olhou para mim e sua expressão mudou.

_Bruna, você está... Brilhando?

Levantei uma das minhas sobrancelhas e olhei para meus braços pálidos. Sobre eles havia um tipo de luz, como um manto brilhante. Perdi o ar por uns segundos. Era como se a lua estivesse pousando sobre mim nesse momento, mas eu não sentia nada estranho. Olhei para Gabriela, que me observava com os olhos vermelhos.

_Acho melhor entrarmos._Murmurei._Se estivermos doentes, bem, eles devem cuidar de nós.

_Isso não parece um tipo de doença.

_Gabriela, estou tentando ser racional.

_Meu lado racional diz que não devemos entrar e que aí não deve ter nenhum maldito demônio.

Ela parecia nervosa. Estranhei isso, quando Gabriela ficava nervosa normalmente gritava, mas agora estava calma, sua voz controlada, eu só percebia sua raiva por causa da pupila ligeiramente dilatada.

Engoli saliva, que àquela hora já estava com gosto de bile e olhei para a porta novamente. Depois para Gabriela. Seus olhos continuavam vermelhos, sua íris branca e aquela visão me dava um frio na espinha. Eu queria ficar ali com minha amiga, mas eu sabia que se ficasse ali iria ficar, no mínimo, morrendo de fome. Minha curiosidade e sanidade falavam mais alto, dizendo que poderia ter suprimentos atrás daquela porta.

Levantei-me.

_Gabriela, eu vou entrar._Suspirei pesarosamente quando ela se levantou e colocou a mão na maçaneta de “sua porta”._Gabriela._Á chamei e ela me olhou curiosa._Eu... Bom, fique bem, por favor, se cuide._Senti meus olhos ardendo._Eu te amo, amiga.

_Eu também Bruh._Ela mandou um beijo com a mão e eu sorri, o pegando no ar e colocando na bochecha. Ela riu com o gesto._Fique bem.

_Vou tentar.

E assim, abri a porta.


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Notas finais do capítulo

Oi gente linda do meu grande coração acolhedor
*-*
Tudo bem? Comigo também
Aqui é a Borboleta Negra postando, tomara que tenham gostado!
:*:*



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