PDV Eloise

Ainda naquele mesmo dia, Edward ouviu uma conversa de Jacob e Jared (um outro saco de pulgas que queria matar a minha cunhada), segundo ele, parecia que a matilha do mal daria um tempo com as ameaças de morte e esperaria que o bebê nascesse.

Essa havia sido a parte importante da conversa... A parte “tocante”, por assim dizer, era aquela na qual descobríamos que nossos patrulheiros caninos estavam abrindo mão de sua casa e amigos apenas para nos ajudar.

E agora, eram praticamente sem tetos selvagens.

Suspira... Aquilo sem duvida tocou fundo em todo mundo, incluindo em mim.

Fiquei com pena não só do Pulguento, mas de Jacob e daquela chata da Leah, eles não precisavam nos ajudar. E mesmo assim... Ajudavam.

Separamos algumas roupas de Emmett e colocamos na varanda, para que Jacob usasse quando chegasse.

Alice, Jasper e Emmett estavam no segundo andar, arrumando o novo quarto hospitalar de Bella, só no caso de alguma emergência acontecer. Ela estava ótima agora.

Bella sentada no sofá, assistia à televisão, estávamos vendo “Orgulho e Preconceito”. Rose estava sentada no chão perto dela, e Edward sentado no mesmo sofá só que na outra ponta.

Esme e Carlisle conversavam baixo perto da janela aberta.

Eu estava sentada no outro sofazinho fingindo assistir aquele filme estranho, enquanto passava os dedos pelos cabelos castanhos de Isaac, que também estava sentado no chão, só que perto de mim.

Tudo parecia perfeitamente bem. Tão calmo quanto nunca havia sido em muito tempo, era bom olhar para Bella, e não vê-la cheia de agulhas e tubos.

O sangue havia mesmo funcionado.

Senti o cheiro de Jacob perto de casa, e logo depois a porta se abriu. Não me dei o trabalho de tirar os olhos da televisão. Queria descobrir o que Bella achava de tão lindo naquele filme.

- Eles só queriam conversar. – Jacob. – Nenhum ataque a vista.

- Sim. – Concordou Edward. - Ouvi a maior parte.

Franzi o cenho, o filme já parecia estar no final e até agora não havia me emocionado.

- Como? – Jacob pareceu surpreso.

- Estou ouvindo você com mais clareza... É questão de familiaridade, além disso, é mais fácil te ouvir quando está na forma humana.

- Ah... Bem... Ótimo, odeio me repetir.

Ouvi os passos de Jacob enquanto ele seguia para a porta.

- Um Mississipi, dois Mississipi... – Saiu contando os segundos por algum comentário que Bella havia feito e que eu havia perdido... Filmes muito românticos exigiam demais da minha atenção. Eu preferia os que tinham cabeças voando e carros explodindo.

Mas Bella escolheu o filme.

- Onde é a enchente cachorro? – Rose.

- Sabe como se afoga uma loura, Rosalie? – Jacob perguntou, me apoiei nos cotovelos para encará-lo por cima das costas do sofá, que pergunta estranha. – Cole um espelho no fundo de uma piscina.

Gargalhei e me joguei no sofá. A cara que Rose fez foi muito engraçada, ela parecia não saber quem estrangulava primeiro: eu, Edward ou Jacob.

- Calem a boca vocês dois! – Grunhiu para mim e para Edward, que também ria da piada de Jacob, realmente nunca havia pensado em usar piadas de loiras em Rose. – Pestes! Não se tem mais nem o apoio da família!

Voltei-me para a televisão e me deparei com as letrinhas que subiam. Droga, perdi o final do filme.

- Você não ia gostar. – Disse Edward.

- Por quê?

Ele sorriu e se levantou.

- Aonde você vai? – Perguntou Bella.

- Esqueci de falar uma coisa para Jacob, já volto. – E saiu, provavelmente ia dizer-lhe sobre como nossa família era agradecida pela sua ajuda, e que agora ele, Seth e Leah eram bem vindos na nossa casa.

Suspiro.

Isaac se ajoelhou na minha frente e me olhou com aqueles olhos perfeitos.

- O que foi? – Sorriu.

- Sabe, acho que cheguei à conclusão de que preciso ser internada, minha cabeça não deve estar muito boa.

Riu.

- Ah é? E o que te fez chegar a essa conclusão?

- Não é normal ficar com peso na consciência por causa de Lobisomens fedorentos, é?

Ele balançou a cabeça e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha.

- Não, acho que não.

Sorri com seu sorriso, eu não entendia, mas ele havia ficado tão sorridente de uns tempos pra cá.

Selei nossos lábios apoiando meu peso no braço para poder ficar mais alta. Sua mão acariciava a lateral do meu rosto.

O choque de uma almofada fez com que nos separássemos sorrindo.

- Estamos tentando ver o filme! – Disse Rose com cara de poucos amigos.

- Ora, Rose, não faça assim. – Esme. – Eles ficam tão lindos juntos.

Ela fez uma careta e lhe mostrei a língua.

- Invejosa. – Provoquei, ela me fuzilou com o olhar.

- Não seja por isso! – Emmett gritou do alto da escada e correu para abraçar Rosalie dando-lhe muitos beijos na bochecha.

- Ah! Emmett! Pare! – Falou.

Todos riram com a cara de gatinho do Sherek que Emmett fez em seguida. Era daquilo que eu gostava, todos juntos e felizes.

O som de algo se partindo fez com que minha atenção fosse de Rose para Bella, um grito seu veio logo em seguida.

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Flash Back on

- Eu estou bem, estou bem. –Ofegava colocando a mão na enorme barriga.

-Onde está o raio-X, Carlisle!? – Edward.

- Acalme-se Bella. – sorri apertando sua mão. E depois me virei para Edward. – Onde está o raio-X?!!

Rose apareceu correndo com um papel preto em suas mãos. Edward o pegou rapidamente. Carlisle apareceu em seguida.

Os dois médicos analisaram o exame rapidamente.

- Terceira costela esquerda! – disseram ao mesmo tempo – Não há nenhum fragmento, só precisa unir os ossos. – Carlisle completou.

- Acho melhor colocar morfina nela, isso vai doer um pouco. – Fiz uma careta ao ver o osso pelo raio-X, consertar aquilo doeria demais nela.

Edward assentiu e trouxe uma agulha de morfina, aplicou no soro que pingava para a agulha ligada em sua veia.

- Agora! – Carlisle.

Aproximei minhas mãos brilhantes da costela, havia se rompido na metade, um pedaço se deslocara alguns graus para a direita.  À medida que o osso voltava para seu lugar, eu podia ouvir as fibras ósseas estralando.

Quando finalmente se acomodou na posição correta, era só uni-lo com a outra metade, e essa simples cura havia me desgastado o suficiente. Eu devia sair mais vezes para caçar.

Já era a décima vez naquela semana que eu tinha que arrumar um osso quebrado.

Flash Back off

Algumas horas depois Bella já estava bem de novo. O susto já havia passado. Eu até havia tentado dormir um pouco, mas... Quem disse que eu havia conseguido?

- Pronta? – Disse-me.

Arquei a sobrancelha, desafiadora. Segurei o copo gigante a minha frente, eu realmente não acreditava que eu faria aquilo... De novo.

- Pulguento, eu nasci pronta.

Ele sorriu zombeteiro enquanto apertava bem o seu copo com uma mão. O outro braço estava sobre os ombros de Bella.

- Então tá, mas já vou avisando que eu faço isso toda manhã.

Dei de ombros.

- E é um... – Emmett contou. – E é dois... – Isaac devia estar me olhando com uma cara do tipo “não acredito que ela vai fazer isso”. Ele bem que havia me avisado. – E... – Mas fazer o que, como se eu fosse negar algum desafio. – AGORA!

Peguei toda aquela gemada que Esme havia feito, e joguei pela minha garganta o mais rápido que pude. O gosto ruim dos ovos crus já começava a se espalhar pela minha boca e me dar ância de vomito.

Afastei o copo da minha boca ao mesmo tempo em que Seth afastava o dele. O pulguento sorriu malicioso.

- Tava bom né?

Desgraçado, maldito, eu vou te mostrar o que é bom. Pensei e vi Edward esboçar um sorriso.

Sorri amarelo. E assenti com a cabeça.

- Não vai dizer nada?

Neguei com a cabeça. Se eu abrisse a boca com certeza todo aquele ovo voltaria para fora.

- O café de vocês está pronto. – Esme chegou da cozinha toda sorridente com dois pratos cheios de omelete e pães doces de canela. Aquilo era demais pra mim.

Sai correndo em direção ao banheiro e ouvi a risada estrondosa de Emmett e de Seth.

- Ganhei! – Emmett. Ele havia apostado com Jasper.

- Obrigado, Esme. – Jasper, ironia total.

- Eu fiz alguma coisa errada?

E todos estavam rindo. A cara de Esme deveria ter sido muito engraçada mesmo.

Quando me livrei de toda aquela gemada quase pude ouvir meu estomago suspirando aliviado. Eu realmente não sei por que ainda tento essas coisas.

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Jasper e Emmett saíram mais tarde naquela manha para o Brasil, foram procurar mais informações sobre o bebê de Bella, e ao que parecia havia lendas sobre isso na América do sul.

Saí para caçar com Isaac, Alice e Carlisle.

Rose fazia questão de marcar guarda em cima de Edward, ela tinha certeza absoluta que se ela se ausentasse por um instante que fosse ele faria algum mal ao bebê.

Na verdade, ela estava meio doida.

Estávamos no meio da floresta, já alguns minutos, quando senti um cheiro muito parecido com o de Seth no ar.

Era Leah.

Automaticamente peguei a sacola com roupas limpas que Esme havia separado para ela.

- Eu levo. – Falei.

Os três olharam para mim surpresos, eu não os culpava, afinal, eu não era lá o melhor exemplo de amante dos animais, ou de qualquer coisa que tivesse o coração batendo.

- Você tem certeza? – Carlisle.

Franzi o cenho.

- Tenho, por quê?

- Bem, na verdade...

- É por que te conhecemos bem o suficiente para saber que poderá causar uma briga com Leah. – Isaac. – E eu não vou deixar que você se meta em confusões.

Revirei os olhos, eu A-DO-RO toda essa confiança. *ironia*

- Relaxem, prometo não fazer nada. – Eles continuaram me encarando sérios. – Diga a eles, Alice.

Ela fez uma careta e se concentrou por alguns segundos.

- Tá, não vi vocês se esquartejando.

Sorri vitoriosa para Isaac e Carlisle.

- Posso ir agora?

- Tudo bem. – Carlisle suspirou.

Virei-me para seguir para o norte.

- E Eloise. – Isaac. – Lembre-se, não se...

- Meta em encrencas – Fiz uma imitação imperfeita de seu tom de voz. Olhei para ele, estava sorrindo. - Sim, sim, eu sei. - Pisquei antes de seguir o cheiro de Leah pela floresta.

Após correr por alguns kilometros, consegui encontra-la, ela estava sentada na sua forma humana na beira de um riachinho.

Dei passadas firmes na terra para que pudesse ficar bem claro que eu estava me aproximando.

- Não precisa dessa encenação. – Disse sem se virar para mim. – Eu senti seu cheiro há algum tempo.

Parei há alguns metros dela.

-O que faz aqui, Eloise?

- Vim te trazer algumas roupas. - Peguei a sacola  com as duas mãos. – Esme mandou.

Leah se virou para me encarar, seu olhar não era de fúria ou nojo.

- Não... O que você realmente faz aqui?

Evitei engolir em seco, na verdade eu não tinha certeza. Só sabia que me sentia mal por poder contar com sua ajuda e não fazer nada por ela. Sempre que nos encontrávamos acabávamos trocando farpas... Mas isso era antes.

Coloquei a sacola num canto perto de uma arvore e me sentei ao seu lado.

- Na verdade... Eu não sei. – Dei de ombros. – E você, por que está aqui?

- Longa historia... – Suspirou.

- Mas não foi só por causa do Seth. – Conclui. Eu bem que sabia dos problemas do triangulo amoroso entre Sam, Emily e Leah... É, esse imprinting era uma coisa estranha.

- Não, não foi só por causa dele. É que... Eu estou cansada, de ver seus olhares de pena e... – Ela parou e olhou para mim de relance. – Talvez eu não devesse falar essas coisas para você.

Sorri.

- Na verdade, sei exatamente do que está falando.

Ela arqueou uma sobrancelha. E então continuei.

- Eu fiquei sozinha a minha vida inteira. Estou com minha família há vinte anos e toda vez que eles se lembravam que eu não tinha nenhum companheiro, eles me lançavam olhares de pena... – Joguei uma pedra no riacho. – E quando Edward conheceu Bella, e eu era a única sozinha, eles se tornaram mais constantes.

Revirei os olhos.

- Odeio quando sentem pena de mim. – Disse ela.

- Eu também. – Falei.

- Pelo menos agora você não está mais sozinha.

- Alguma hora eu tinha que me apaixonar, não é mesmo? – Sorri de lado. – Sabe, eu não sei como funciona esse negocio de imprinting, mas... Leah, se até eu, que sou toda temperamental e descontrolada, consegui encontrar alguém que me aceitasse... Eu tenho certeza que você também irá, cedo ou tarde.

Ela sorriu.

- Obrigada... – E continuou. – Me desculpe... Pelo jeito que te tratei...

- Tudo bem, me desculpe também. – Completei. – Acho que foi o instinto.

Fiz uma careta e rimos, como se fossemos amigas há muito tempo.

Talvez... As coisas estivessem mesmo indo de mal a pior na minha cabeça, me perguntei em que mundo paralelo eu ficaria amiga de uma lobisomem, não que fossemos realmente amigas, mas... Era estranho não ter brigado com ela.

Eu realmente precisava me internar.