Do passado que não tinha para onde ir

Eu teço vozes que dão voltas e voltas

Na ponta da história que se repete

Me dedico ao meu destino

(Paradise of Light and Shadow-Vocaloid)

  Era uma linda manhã de primavera, a menina de cabelos loiros corria pelo pátio com seu irmão gêmeo brincando alegremente. Fariam quatorze anos no dia seguinte, mas, mesmo assim, ainda gostavam de correr juntos pelo jardim imenso da mansão. A avó dos dois chamou-os. Estava na hora de entregar-lhes seu presente de aniversário.

  A avó sentou-se, sentindo os dois pares de orbes azuis reluzindo de expectativa. E então começou a falar:

  - Sabem, talvez vocês não queiram ouvir essa históri-

  - Queremos sim! - Disseram em uníssono os dois, interrompendo a avó.

  - Tudo bem. Essa história é sobre nossos ancestrais. Uma história muito bonita. - A idosa falou.

  - Então é uma história que merece ser contada. - Disse o garoto.

  - Tem razão. - Concordou a avó - Pois bem:

  "Há muito tempo atrás, na época em que dragões ainda existiam e haviam hábitos sangrentos em reinos medievais. Em um destes reinos havia um enorme dragão que por muito tempo aterrorizou as pessoas da região. Até que um rei corrupto mandou uma camponesa de voz maravilhosa para cantar e dançar para o dragão. O monstro se acalmou e a menina cantou e dançou para  a fera até morrer. Se foi de fome ou de exaustão, ninguém sabe. E outras meninas foram levadas, uma-a-uma, sempre que anterior morria substituíam-na.

  "Havia naquele reino fantástico um nobre de cabelos violeta que não suportava a crueldade das outras pessoas do reino, que viviam felizes até a hora de outra menina ser escolhida. Assim que tentou se opor, foi parado por uma mulher, também da elite. Seus cabelos rosa e ela achavam que tudo estava bem do jeito que estava. o rapaz de cabelos violeta foi trancado num quarto.

  "Mas muito antes da prisão deste homem, uma garota, loira de olhos azuis, foi separada de seu irmão gêmeo para ser a próxima garota a encantar o dragão com sua voz. Mas os dois ainda eram recém-nascidos. E cresceram. O garoto loiro não se conformou com o destino da irmã e saiu a procurá-la. estava disposto a morrer para ver um sorriso no rosto de "seu reflexo".

  "Foi quando ele começou sua busca que o nobre foi preso. Enquanto isso a jovem dançava para o dragão com os pés descalços. A fina tornozeleira de ouro já tinha ganhado um tom avermelhado pelo sangue nos pés dela. As mãos também estavam feridas, manchando o delicado vestido branco. Os olhos brilhavam das lágrimas. Mas a melodia não parava.

  "O outro loiro atacava a nobre dos cabelos rosa que era defendida por uma cavaleira ruiva, a melhor amiga da Diva anterior. 'Diva' era como chamavam as garotas escolhidas para o dragão. O loiro lutou e gritou com todas as suas forças, mas foi derrotado. A nobre mandou a de cabelos vermelhos matar o jovem, mas a fúria nos olhos da cavaleira era dirgida a ela. A ruiva percebera que o jovem á sua frente era como ela, ele apenas queria salvar alguém. Outra serva da nobre parou o ataque dos dois.

  "Ao mesmo tempo, um mercenário (ou algo parecido), libertava sorridente o nobre de cabelos de cabelos violeta. E se juntaram à batalha do loiro logo após.

  "Enquanto isso, a loira na caverna da fera simplesmente desmaia com um ferimento na cabeça e é recolhida pela asa do dragão. E os quatro guerreiros continuavam a busca até chegar em um grande local plano de pedra onde uma mulher num elegante vestido negro segurava um cajado três cabeças maiores que a mesma. Ela usou de magia para atacá-los fazendo todos caírem. Suas sombras eram rápidas, ela ficava parada e a velocidade de seus encantos faziam os fios azul-petróleo balançarem. O garoto caiu inconsciente.

  "Na sua inconsciência, o loiro viu os amigos caídos. A amizade entre eles havia ficado forte. Viu também vários homens envolta da garota que acabara de derrubá-lo. Mas ela estava chorando e gritando enquanto os homens punham nela a máscara de aspecto sinistro que adornava seu rosto. Viu sangue, celas, duas cadeiras e então... Nada. O branco tomava conta de sua mente e só ouviu a voz melodiosa de sua irmã lhe falar:

" Utatte (Cante).

  "Então lá estava ele de pé no branco, suas costas encostando nas da irmã e ela começou uma suave melodia:

Watashi wa inoru mamoru tame ni

Egao ga kobore hikari sasu sekai no tame ni

  "O garoto começou a cantar junto:

Ore wa tatakau kowasu tame ni

Kimi wa naiteta tada hitori de

  "'Peço proteção para um mundo brilhante onde todos possam sorrir' - era o que dizia a garota na canção. 'Eu luto por um fim porque eu vi você chorar sozinha' - era o que a parte dele dizia.

  "E então ele acordou e atacou a mulher das sombras, quebrando sua máscara. Deixando as lágrimas de felicidade e surpresa da moça rolando sob a pele alva do rosto dela.

  "O garoto correu. Correu e avistou a silhueta da irmã. E... "

  - E... - Falaram os gêmeos em uníssono.

  - E... A história não tem um fim conhecido. Imaginem! Feliz Aniversário adiantado! - Disse a avó beijand as faces dos netos.

  Eles voltaram a brincar no pátio e a garota quase teve certeza de ter visto uma fina tornozeleira de ouro manchada de vermelho no pé da avó. Histórias se repetem, de novo e de novo. Sempre.

  - Realmente, uma história que merece ser contada. E passada adiante. - Disse a avó acariciando a tornozeleira.

Owari